Antes de qualquer sinal

“Garantir vida longa e saudável para nossos futuros velhinhos.” A frase da pediatra Ana Maria Escobar resume o objetivo de uma nova vertente da medicina que defende que doenças como diabete, hipertensão, obesidade, além de colesterol alto, podem ser evitadas na fase adulta caso um acompanhamento médico preventivo seja feito ainda na infância.

Dados recentes do IBGE dão conta de que a expectativa de vida do brasileiro aumentou 3 anos em 1 década, passando para uma média de 73,1 anos. “A medicina avançou muito nos últimos anos e agora o grande desafio é trabalhar na prevenção. Atualmente já vivemos mais, agora o que precisamos é viver melhor”, defende Ana Maria, pediatra que coordena um projeto assistencial de pediatria preventiva desenvolvido no Centro Saúde-Escola Samuel Pessoa, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), no bairro do Butantã, em São Paulo.

Além da prevenção na infância, a médica afirma que a fase intrauterina também é fundamental. “Uma gestante hipertensa ou que fumou muito durante a gravidez tem mais probabilidade de dar à luz um bebê com baixo peso e isso eleva as chances dele desenvolver todas essas doenças crônicas degenerativas na fase adulta, como a diabete.

O fato de ter pais ou avós com colesterol alto também é um fator de risco”,
afirma Ana Maria.A saudável Giovana, de 1 ano, é uma das 1,6 mil crianças que hoje participam do programa.

A mãe da menina, a operadora de caixa Gilmara Vieira, de 30 anos, conta que teve hipertensão no último dia da gravidez e que a bebê nasceu com baixo
peso. “Ela nasceu muito pequena e depois do segundo mês não engordava, mas fomos percebendo ao longo das consultas que ela foi melhorando. No último atendimento, a médica disse que ela está ótima e no peso certo para a idade”, comemora a mamãe de primeira viagem.

O serviço é prestado a toda criança que chega ao hospital. De acordo com a pediatra, cada uma, independentemente da idade e dentro da rotina normal das consultas médicas, “é acompanhada com uma lupa”. “Já na primeira consulta são preenchidas de oito a nove páginas com as características do paciente. Todos os fatores de risco, sejam emocionais, físicos ou genéticos são levados em conta. Depois montamos um plano terapêutico para cada criança”, explica. “Com todos esses dados é possível termos um panorama de quem é a criança e assim conseguimos saber quais são seus fatores de risco e com o que temos que nos preocupar”, relata.

Do total de crianças atendidas, em 20 foi detectado colesterol alto. “Sabendo disso precocemente podemos minimizar o risco e não vamos deixar que a artéria dessa criança entupa. Assim, ela chegará à fase adulta com a doença controlada”, garante.

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