Vida de gado

Pecuaristas continuam utilizando escravos para avançar com o gado sobre a Floresta Amazônica. Levantamento feito pela Repórter Brasil, organização nãogovernamental que monitora a escravidão no País, revela os principais setores econômicos em que a prática ainda é comum. Confira quais são as atividades nas quais foram encontrados escravos. Os responsáveis figuram na última atualização da Lista Suja, relação feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Pecuária
2.536 libertados

A expansão da pecuária sobre a Floresta Amazônica continua sendo a frente que mais emprega trabalho escravo no Brasil. No Pará, onde a substituição da mata por pastos segue a todo vapor, foram registradas 1.347 libertações de trabalhadores envolvidos com a criação de bovinos na última atualização da Lista Suja. No Maranhão foram 336 libertações em fazendas de gado, em Tocantins 324, em Rondônia 236 e no Mato Grosso 191.

Cana-de-açúcar
2.057 libertados

Trabalhadores em condições críticas continuam sendo encontrados nos latifúndios de monocultivo de cana-de-açúcar. Uma fiscalização em que 1.011 escravos foram libertados fez com que o Mato Grosso do Sul assumisse a frente na última atualização. Ao todo, foram 1.137 libertados no Estado. Em
seguida ficam Goiás, onde 375 foram libertados,e Mato Grosso, com 340.

Carvão vegetal
514 libertados

Homens, mulheres e até crianças continuam sujeitos a condições degradantes trabalhando em fornos aquecidos e sujos na produção de carvão vegetal. Na Bahia, onde a exploração é mais corriqueira no sertão, foram 251 libertações.Logo em seguida vem o Mato Grosso do Sul, com 126.

Soja
186 libertados

Também marcado pelo monocultivo e concentração de terras, a soja é outra cultura em que é comum o trabalho escravo. Nas novas fronteiras agrícolas da soja a situação é especialmente delicada. O Goiás é o Estado em que mais houve libertações, 78. Em seguida fica a Bahia com 44, e o Piauí com 29.

Algodão
494 libertados

O cultivo e colheita de algodão é outro setor em que a mão de obra escrava tem sido bastante utilizada e, de novo, a Bahia segue na frente. Foram 287 libertações registradas na última atualização. O Mato Grosso fica em segundo, com 124.

Outros setores
Total de libertados 7.377

Além dos cinco setores principais, outros também têm utilizado escravos regularmente. Na última atualização da Lista Suja foram registradas libertações em atividades variadas e nos mais diversos cultivos. A situação é grave em setores diretamente relacionados ao avanço da pecuária, como o desmatamento e o cultivo de capim. Além disso, é crescente o uso de escravos no monocultivo de pinus e eucalipto, na construção civil e também nas plantações de frutas.

A Lista Suja
A Lista Suja do Trabalho Escravo inclui os empregadores flagrados explorando trabalhadores em condições análogas às de escravidão. A relação é atualizada todo semestre e inclui apenas empregadores julgados que já tiveram chance de apresentar recursos.

Por Daniel Santini | Folha Universal

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